“Para
quê demonstrar o que sinto? E dizer como seu semblante não sai dos meus
pensamentos, chegando a angustiar meu coração com tamanho sentimento nele
cultivado? Não... Expor o que tenho dentro do peito tornar-me-á fraca diante do mundo,
dando deixas para o todo o resto me julgar...
Para
quê expressar em palavras o que estimo por ele? E num “eu te amo” deixá-lo
sentir que sem ele não sei mais viver ou que meus passos, após sua chegada, são
moldados de acordo com seu cotidiano? Não... Concedê-lo, assim, a certeza de que por
ele serei capaz de esquecer meus caprichos para fazer os seus, me deixará à mercê do seu complicado mundinho...
Para
quê afirmar que me importo? E receber um ‘’muito obrigado’’, quiçá, um olhar de
soslaio traduzindo sua indiferença? Não... Prefiro o silêncio me dando a certeza de
que quando calamos, evitamos nos ferir.
Talvez meu gato mereça ouvir um grunhido que traduza meus
sentimentos por ele, ou um breve afago já o faça entender o quanto o amo. Amor
não se fala, não se expressa; simplesmente se sente.”
... E sentada, entre lágrimas, ela tentava se convencer de
que sabia viver só. De que sabia viver sem ele. Mal sabia o amargo era o gosto
do orgulho, que a impedia de enxergar quão encrencada estava e que iria se
ferir da mesma forma ...
Triste alma...