quinta-feira, 26 de junho de 2014

Fulgaz

Deitada em frente a beira do mar
Peguei minha caneta de devaneios e comecei a rabiscar
Em forma circular desenhei um espiral

Na verdade, um caminho de fuga, um portal

Caminhei por um momento e, como numa especie de transe, parei e avistei
Suspenso n'uma arvora, sombras e galhos
Porem o sombreado era familiar a minha iris

Ao voltar a carne e osso, realizei quem avistava ao fundo; teu torso
Pele e cabelos bronzeados e penteados a sua maneira
O reconheci pelo jeito manso a se movimentar por entre mesas e cadeiras
Tatuagens expostas que escondiam o terror de su'alma

Porem conhecia-te tao profundamente que, milhas a parte, diria o que e quem te acalmava
Mas para que? Se juntos nos transformavamos em inimigos
Taciturno, vieste como olhos de quem pede abrigo
Novamente deixei-te entrar em meu lar, minh'alma
E ja sabia, mais dia, menos dia, me arrancarias a calma

De que vale a vida se nao para arriscar-se
Porem entre erros e acertos, eh necessario, por si proprio, elevar-se

Por tua culpa estagnei no mais difuso dos campos: o do amor
Onde, por vezes levitamos, por tanta alegria
Mas a mesma intensidade caimos, por tamanha dor

A ti peco; deixa-me para tras.
Pois tu, teu corpo e sombra deixei na esquina
junto as cartas rasgadas que um dia ousaste escrever-me dizendo sentir algo que nunca soubeste
Paixao fulgaz.