quarta-feira, 6 de abril de 2016

O gosto

Entre transeuntes e buzinas
Aquieto a mente em silêncio
Sinto, repentinamente, minha estação posta à interferência

Tua voz me preenche a audição.

Vejo meu reflexo, petrificado como um modelo de vitrine
Quem diria que virias, em passos mansos cheios de promessa
Sinto minha mão acariciar tua barba
Como numa espécie de antigo hábito, tão brando...

Entre copos e corpos, teu calor se refaz
Dentro de mim, me desfaz
Enche meu peito, minh'alma
Colore tudo e me devora, como outrora

E como outrora te vejo partir
Junto a ti flores, cores e antigos amores
Volto a transitar pelas calçadas cinzas
Amargando em mim o gosto do efêmero...